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Com o início de mais uma edição dos Jogos Olímpicos, no dia 26 de julho de 2024, dessa vez na terra da Torre Eiffel, os olhos do mundo inteiro se voltaram para as disputas nas mais variadas modalidades. Como já era de se esperar, com oito dias de competição até aqui, as duas maiores potências econômicas mundiais já se destacam, mas não é deles que falaremos. Hoje quero trazer um contexto específico que envolve Brasil e Japão.
Nos últimos dias, as redes sociais vêm revelando que os brasileiros fomentaram rivalidade contra o Japão. Até o momento em que escrevo esse texto, os países já se enfrentaram onze vezes, e o Japão se mostrou como carrasco do Brasil, uma vez que venceu o total de oito disputas contra três vitórias do Brasil.
Com isso, as redes sociais ficaram tomadas por pessoas comentando o fato em questão, umas em tom de brincadeira, enquanto outras pareciam alimentar verdadeira raiva pelo país do sol nascente. Conhecendo muito bem as características de nosso povo, não parece nada exagerado afirmar que somos bem competitivos, e muitos não lidam muito bem com a questão de enfrentar as derrotas.
Como fiz questão de destacar no primeiro parágrafo, existe uma fortíssima tendência de que os países mais desenvolvidos economicamente tendam a arrematar com mais frequência as medalhas de ouro, digo, fica evidente que isso de fato acontece. Cabe salientar que talvez os longos anos de domínio da seleção brasileira tenham deixado os brasileiros um pouco mal-acostumados. Como o futebol se faz dominante no que diz respeito ao consumo de conteúdo esportivo, e que ao longo de um período considerável nosso time de estrelas “causava medo”, como já foi afirmado por diversos jogadores, ter que lidar com o sabor da derrota não está no cardápio dos brasileiros.
Vamos aos fatos. O Brasil não é rival para o Japão “Olimpicamente” falando. De um lado, um país de primeiro mundo, figurando no grupo dos vinte primeiros países no que diz respeito ao IDH (índice de desenvolvimento humano), entre os países com melhor educação e que leva muitíssimo a sério o esporte. Obviamente, por lá, o futebol não se encontra no patamar das melhores seleções do mundo, como, por exemplo, Espanha, Alemanha, França, entre outros. Mas, por sua vez, o país tem apresentado considerável destaque nos esportes olímpicos, seis medalhas até então.

Já nas terras tupiniquins, a educação figura nas camadas mais baixas no que diz respeito a avaliações globais do ensino, o esporte é sucateado, enfrentamos problemas graves nas áreas mais básicas da sociedade, e ainda imperam a malandragem, o tirar vantagem, a desonestidade, o roubo e a inversão de valores. Não é minha intenção continuar enumerando todas as questões que, de tanto ter que enfrentá-las, muitos brasileiros vêm tendo seu senso de patriotismo derretido gradativamente, como escrevi em uma coluna anterior que vale muito a pena conferir caso você seja um entusiasta desse tipo de questão.
Antes que qualquer um de vocês comece a reclamar, preciso acrescentar um pouco mais de honestidade a esse texto. Sei muito bem que nem tudo são flores por lá. Sabemos que aquela sociedade foi estabelecida numa cultura de perfeccionismo, de autocobrança elevadíssima, e que na época do Japão feudal, era comum que os samurais tirassem suas vidas após cometerem falhas consideráveis. Essa característica perdurou ao longo das eras e se faz presente na cabeça da juventude japonesa, o que faz com que o país esteja no topo de um ranking não tão agradável, o da taxa de suicídio.
De um lado, um país desenvolvido que, no passado, gerava expectativas de se tornar o primeiro lugar da lista. Sua cultura chegou a se espalhar pelo mundo todo, do outro lado, um povo em formação lutando contra questões mínimas para estabelecer uma nação séria. Assim como o american way of life está presente ao longo de toda a Terra, aspectos dos costumes japoneses também se alastraram bastante, como os animes, a comida, os carros, entre outros. Não quero aqui entrar no mérito de que quanto mais um país domina a economia global, mais seus trejeitos se alastram como incêndio em campos de palha seca, mas é necessário dizer que os holofotes e o destaque nas mais diversas áreas acompanham as grandes potências.
Façamos também justiça a favor dos nossos tesouros. Não é surpresa para ninguém que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo em termos de recursos naturais, quiçá o maior do mundo, porém, ainda somos tratados como a grande fazenda do mundo, como diria o genial doutor Enéas Carneiro, “ainda somos um gigante de joelhos aos senhores do mundo”.

Fato é que o Japão se encontra num patamar mais elevado em diversas áreas, e o “amor pela camisa” também é um deles, salvas as devidas proporções. Com isso, não quero dizer que não existam brasileiros loucos de amor por sua pátria, mas apenas que nosso rumo até aqui conduziu boa parte da população a dizer que odeia o país, que sentem vergonha da camisa e que não sentem orgulho de nossos símbolos.
Para reverter o cenário e o Brasil figurar no topo como sabemos que merece, todas as nossas estruturas precisam ser abaladas e reestruturadas, só assim atingiremos um novo nível e a chama verde e amarela voltará a queimar no coração de todos.
