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A menina que media o azul

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Entre olhos

―Nada melhor do que o seu modus operandi, o seu como, para nos dar uma ideia da exigência de verdade que a norteia (NUNES, 1993, p. 198). 

Abro os olhos e imediatamente me deparo com o prelúdio à catástrofe do breu provocada por todo aquele azul com hábito de liberdade desmedida, conduta diurna facultada ao céu tropical pela fresta da janela entreaberta. Do outro lado, herdado da minha Vó Gilda, impunha-se sobre mim, a forte angustia existencial própria de guarda-roupas barrocos, o seu ébano transpirava vida e num um olhar sedutor e cúmplice ele piscava pra mim, o buraco da fechadura sem chave. Mal abrira os olhos e já se incutia a dicotomia das frestas, os mundos se apresentavam e eu tinha que decidir ou apostava-me de azul ou pairava na matéria escura que permeava o meu ser e minha ancestralidade. Naquele momento, quisera eu realizar a apepsia com desejos e pensamentos, e assim em suspensão, apenas ruminar o tempo.

Uma força Newtoniana fez-me fendar o buraco. Fui sugada abruptamente e já me senti em Gêneses, eu já era parte do pó daquela caixa empoderada, adornada de marchetaria antiga e craquelada, lá encontrava-se a passagem para uma outra dimensão de mim. Abri o relicário da ancestralidade e imediatamente azuis saltitantes, começaram a gritar, eram gritos de gozos, horror, medo e também da alegria da fé cega, que olha para o manto virgem da pobre senhora. Como pode o ser humano generalizar tanto ao ponto de tudo ser azul… como poderia uma cor suportar tantas nuances. Mas aquele azul expandia-se, preenchia cada matéria escura do devir do saber onde se está. Já não sabia o que era o reflexo da ilusão ou onde estava o azul de verdade, afinal como diz Goethe “as cores são ações e paixões da luz”.

Verdade era tudo o que eu não conhecia, eu gostava de andar pelos terrenos insólitos da ilusão, ela sim, era real, estava dentro de mim, não sofria os impactos imprecisos das variáveis, pois se era dentro dela, cabia tudo, mas como tudo isso cabia ali, no relicário, ou melhor dentro do relicário, nos seus olhos azuis.

Todo o meu corpo clamava por matéria, um abraço maternal, mas na ilusão prefiro azul, porque nele eu flutuo. É como voar sob o céu e sobre o mar, no azul úmido e ensolarado. E neste céu eu me dissolvo, perco as bordas, o corpo. Quero todos os demônios galgando a fragilidade da minha subjetividade, quero-me devorada, depravada de todo medo de não ser. 

Parece que a única coisa que me interessa agora é viver o meu próprio dadaísmo despropositado. Não ter compromisso, quero foder com o tempo e com o que o tempo fez de mim, sem hora pra parar. Quero aquele deslumbramento vestido de estranheza do primeiro orgasmo, se não for assim, parece que as coisas não me interessam muito. Quero a sensorialidade que elas produzem, todo Sim que houver no mundo, me encanta flutuar pelos caminhos que preciso desbravar até chegar ao lugar onde elas não podem ser alteradas, quero ir ate os fótons e glúons que compõe o efeito do tempo.

Este, passou sobre mim, e parece que não me alterou. Continuo intimamente sendo e sentindo tudo exatamente como  era quando me lembro de pela primeira vez, vislumbrar que eu era eu, aqui, num lugar chamado agora, onde tudo era muito grande e complexo. Tudo e todos emitiam sons e nada significava. Estes, também saiam de mim, excêntricos, e mecanicistas. Então chorei. Quando chorava, me via entre a dialética de Hegel e os insights Freudianos, já não sabia mais nem porque e menos ainda pra que, só sabia que a sensação era extasiante, como se oriunda de uma respiração holotrópica, semelhante aos efeitos transcendentes dos cogumelos mágicos, que levavam a um lugar muito longe daqui, onde os lagos azuis eram como uma projeção dos seus olhos dióptricos e faz vibrar a consciência de tudo, então não existe o outro, nem eu. O azul não choraE agora?

Me vejo num coma induzido pela métrica catalogada da memória constantemente afetada pelo azul. Quando juntei todas as minhas economias e comprei uma passagem na expedição reencarnação, já era pra ter desconfiado que que re não cabe em azul. Nunca vi um ex-azul reazular. Ele como eu, gosta de olhar pra frente. Vá em frente, já dizia meu pai, enfrente seus medos, antes a dor que o inferno de Dostoiévski. Sofra e supere.

Ahh então é isso! A chave daquele buraco, o tempo. É por isso que aqui ele anda pra frente. Pra mim, agora, parece muito obvio, o porque do meu transporte expedicionário me trazer aqui pelas vias do coração. O relicário da minha ancestralidade genética não me deixou bilhete. Então pra mim, a ação é agora, serei eu desumanificada da contemporaneidade. Não me idêntifico com re. resgatar é pra mim, querer criar uma anomalia do que foi, foi está ido e agora? Não sei…

Só sei que não quero ser corpo na “sociedade do cansaço”, não quero ter que, não quero correr para um ponto marcado no tempo para nada, nadinha mesmo… e pagaria o preço de mil vezes “cem de anos de solidão”, e ainda levaria minha “Lilith” para eféso para que atirem a primeira pedra, quem não daria tudo para viver naturalmente. Parece que a saída fica dentro, disfarçada de uma caixa empoeirada, precisei sentir o depósito do tempo para chegar aqui. Passei tantos anos parada no ponto de uma poeira e nunca andei tanto no tempo. Tanto que fui para a dimensão onde ele é livre e transita para frente, para trás, e vai para outro ponto, e uma coisa é certa, nunca voltou. Esse tempo parado me fez ir muito longe, então cheguei aqui, onde eu sou meu próprio tempo, custa caro, mas quanto mais não me classifico, mais posso pagar. 

Parece que o material precisa do imaterial, ou será o contrário? Eu sei que entrei por um lado e saí pelo outro. No final tudo é azul. Então não entendo por que correr tanto contra o tempo, por que as pessoas se consomem até arder em carne viva só para consumir. Mas pra que tanta carne? Seria Deus sádico? Se antropofagismo ou canibalismo depende do ponto de vista, prefiro acreditar que tanta carne por cima de tantos ossos, seja para nos seduzir a consumirmo-nos a consumir-lo, só sei que, estou consumida, taí uma boa ideia! Vou com sumir! Tchau!

Não quero mais escrever para um dia feliz de domingo. Apostei-me do azul. Quero escrever apenas as palavras que saírem do meu ventre prenhe, do tempo que não passa, e do gozo que não acaba, enquanto depois de ir embora, suas palavras não cortarem o líquido amniótico e sairem feito um Alien pulando das minhas entranhas para o mundo todo! Assim é!

Achei que era o tal relicário, mas era um portal para uma outra dimensão, um convite para levar a razão pra passear no azul.



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