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O ator usou sua grande altura e grande voz em vários papéis secundários em filmes, interpretando patriarcas, comerciantes e dignitários. Ele morreu em sua casa em Hérault em 15 de julho, aos 89 anos.

A Nobreza de um Ator Coadjuvante

Uma Presença Marcante em Segundo Plano

A nobreza de um ator coadjuvante reside na habilidade de permanecer nos bastidores de seus personagens, criando uma presença familiar, mas muitas vezes não identificada pelo público. Jacques Boudet exemplificava essa qualidade. Com um rosto longo e uma voz marcante, ele se destacou por seus personagens com sotaques regionais fortes, especialmente no sul da França, onde alcançou fama regional. Boudet interpretou dois aspectos da cidade de Marselha: nos filmes de Robert Guédiguian e na novela “Plus Belle la Vie” (“Mais Bela a Vida”), onde se tornou uma figura recorrente.

Carreira e Legado

Jacques Boudet faleceu na noite de 14 para 15 de julho, em sua casa no departamento de Hérault, no sul da França, conforme anunciou sua agente Pierrette Panou. Nascido em Montpellier em 15 de abril de 1935, Boudet começou sua carreira no teatro universitário, estreando no palco no início dos anos 1960. Posteriormente, ele se envolveu na descentralização do teatro francês ao lado de Jean-Marie Serreau, interpretando papéis em peças como “Uma Tempestade” (1969) e “Beatriz do Congo” (1971). Esses trabalhos o levaram ao Festival de Avignon e à peça “A Primavera dos Gorros Vermelhos” (1972).

Diversificação no Cinema e Televisão

Pouco depois de sua estreia no teatro, Boudet ampliou sua carreira para o cinema, desempenhando pequenos papéis marcantes. Ele interpretou o Duque de Guermantes em “Um Amor de Swann” (1983), uma adaptação do romance de Marcel Proust, e um senador problemático em “Comédia do Poder” (2006) de Claude Chabrol. Além disso, ele teve uma participação especial em “Agente Problema” (1987) de Jean-Pierre Mocky.

Boudet também colaborou com renomados cineastas como Bertrand Blier, Bertrand Tavernier e Claude Lelouch. Em “Pai e Filho” (2003), Michel Boujenah, reconhecendo a semelhança de Boudet com Philippe Noiret, escalou-o para o papel de seu irmão, criando uma referência humorística.

Um Ator de Versatilidade e Profundidade

A capacidade de Jacques Boudet de se adaptar a uma variedade de papéis no teatro, cinema e televisão demonstra sua versatilidade e profundidade como ator. Sua habilidade de capturar a essência de personagens com nuances regionais e sotaques autênticos fez dele uma figura única na cena artística francesa. Boudet deixa um legado de performances memoráveis que continuarão a ressoar com o público, exemplificando a verdadeira nobreza de um ator coadjuvante.

Conclusão

Jacques Boudet era um mestre na arte de ser um coadjuvante. Sua habilidade de desaparecer em seus personagens, enquanto trazia autenticidade e vida a cada papel, fez dele uma presença constante e familiar no cinema e teatro franceses. Seu legado como um ator versátil e talentoso continuará a ser lembrado e celebrado.